Ir ao cinema hoje em dia é algo que de certa forma transcende a nossa imaginação… e a nossa carteira. A primeira porque ir ao cinema é algo que nos deixa fascinados. Seja pela beleza do filme, ou pelos protagonistas, ou então devido à música, há sempre qualquer coisa que nos causa impacto, mais que não seja o sentimento de desagrado perante determinado filme. Pelo menos eu prefiro detestar um filme do que sair da sala a não sentir rigorosamente nada. A segunda porque actualmente ir ao cinema, está mais próximo de um roubo do que propriamente um prazer – e se é um prazer então trata-se daqueles que se fazem cobrar bem.
Os preços dos bilhetes estão indubitavelmente demasiado inflacionados. O preço médio de um bilhete ronda os 5€, e nalgumas regiões já ultrapassa esse valor. Ora se quisermos consumir as tão apetitosas pipocas, a coisa não fica por menos de 10, 13€ (na melhor das hipóteses – pois agora imaginem uma família de 3 ou quatro pessoas). Então será assim tão estranho, perceber a razão pela qual cada vez menos pessoas vão ao cinema? Vejamos as opções. Comércio dos DVD´s (com suculentos extras e opções de som diversas); a pirataria – cada vez mais presente e com títulos sempre muito apelativos – e a possibilidade de se visionar filmes na internet sem ser preciso fazer downloads. Isto complementado com as muito frequentes, más condições de exibição, problemas técnicos resultantes em imagens desenquadrada da tela, películas já algo danificadas e som muitas vezes com mudanças bruscas de intensidade (ao que alguns – acreditem – já apelidaram de “efeitos sonoros”) e por fim, putos com as hormonas aos saltos, que não se calam durante toda a projecção. É pois então, perfeitamente natural que o cinema tenha menos espectadores. E eu sou um deles.
Portanto é preciso ter em conta que recorrendo a outras “técnicas”, no geral tudo fica mais barato. Fazer download de um filme, por vezes, demora apenas umas horitas. Os novos leitores de DVD já vem equipados com sistemas descodificadores e permitem (na grande maioria) ler DivX, ou seja, o filme previamente sacado pode facilmente ser visto num ecrã jeitoso, sendo ainda possível valermo-nos de um sistema home-cinema. Só ficam mesmo a faltar as pipocas, e para isso basta ir comprá-las, enquanto o filme está a ser sacado. Eu pessoalmente continuo a adorar a sensação que uma sala de cinema me transmite, mas da mesma forma também confesso que já tive muitos dissabores dentro dessa mesma sala.
Resultado, passei a ser mais selectivo com a escolha do filme, da hora da sessão e do cinema em si. Se for perto de uma escola é para esquecer, se for durante a tarde, o mais certo é apanhar com as hormonas (e pipocas) dos outros. Para isso prefiro mesmo ficar por casa, no conforto do meu sofá, e ainda que se perca em qualidade – é um facto – fica-se definitivamente a ganhar nas chatices, transtornos e más educações que não se apanham nem aturam.
É urgente pensar-se no cinema de uma outra maneira. Mais uma vez (e começo a desconfiar que seja de mim), não vejo a justificação para os preços aumentarem anualmente. Para quê pergunto eu? As salas continuam as mesmas, os sistemas de som passam-se anos até serem trocados, as cadeiras se estiverem partidas assim continuam, nas sessões da tarde apenas está um funcionário (na grande maioria das vezes) responsável por tudo, venda de bilhetes, venda de pipocas etc., então para onde vai esse dinheiro? E os jovens e os estudantes ainda vão tendo descontos (apesar de serem muito pouco significativos), aos outros até dói, o preço é um exagero! Continua a ser apenas e só o lucro que interessa para estas companhias, que no balanço de final de ano, se apresentam com dados, que dizem ser preocupantes, pois há decréscimos de espectadores de ano para ano, e eu pergunto, com a mesma preocupação… então isso não é óbvio? E não estaria na altura de deixarem de ser gulosos e gananciosos? Eu ainda sou do tempo em que numa semana ia pelo menos três vezes ao cinema… agora passam-se semanas sem lá ir… é que infelizmente as prioridades são outras.
Dá mesmo vontade de dizer, “ò tempo… volta para trás”… mas o sacaninha teima em não voltar…
Até para a semana!
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