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Classificação: (10/10) |
É já difícil, se não mesmo impossível, não considerar Clint Eastwood como um dos melhores realizadores em actividade. Apesar dos seus 78 anos, ainda consegue surpreender-nos, seja com os seus filmes, seja com a sua maneira de ver e fazer cinema. Nisso e não só Eastwood é um génio. Gran Torino premeia pela sua simplicidade e eficácia em toda a sua extensão.
Eastwood interpreta um homem que se reveste aliás como sendo uma convergência de personagens e histórias que protagonizou ao longo da sua filmografia, como se de um apanhado da sua carreira se tratasse, sendo possível reconhecer algumas, entre elas: Harry Callahan (da saga “Dirty Harry”), Bill Muny (do inesquecível “Imperdoável”), Sergeant Thomas Highway (do poderoso “Sargento de Ferro”) e Frankie Dunn (do dramático “Million Dollar Baby”). É portanto um personagem duro que não deixa de ser humano e justo, sem papas na língua, que distribui com frequência palavrões e ofensas racistas. Um homem com um passado que o marca profundamente e que torna claro a sua razão de ser. Da mesma forma questiona-se sobre a postura social e política do seu país que, pelo menos aparentemente, se encontra tão perdida quanto o olhar do jovem que dá origem a todo o desenvolvimento da narrativa. É um filme denso, violento, introspectivo e com uma vertente muito humana da problemática em questão. Por isso contar mais seria revelar em demasia e com isso retirar-vos o prazer de visionar este objecto cinematográfico que encerra interpretações seguras e bem caracterizadas, mesmo as dos estreantes (ainda que umas melhores que outras é certo) que acabam por trazer uma grande densidade dramática ao filme.
Tecnicamente o filme é aquilo a que o realizador já nos habituou. Imenso rigor e um cuidado extremo na composição da imagem que resulta em planos muito bem conseguidos – como aquele em que Walt Kowalski contempla o seu Torino ao final do dia na companhia da sua cadela – com uma fotografia delicada, que nos remetem para os bons velhos tempos do cinema clássico onde tudo tem tempo para existir e respirar. A montagem eficaz prende desde o inicio o espectador e a música adequa-se na perfeição ao ritmo e densidade do filme. Isto é ainda mais notório – e notável – no segmento final do filme.
Em suma, Gran Torino é o cinema em puro estado de graça. Um filme terno, realista, divertido e carregado de uma grande componente humana, com a morte e a respectiva redenção, sempre a pairar – tão típica nos filmes do realizador em questão. Trata-se de um filme que reafirma Eastwood como um dos melhores realizadores de sempre e dessa feita um dos que não se deve de maneira nenhuma perder.
O MELHOR: Clint Eastwood, tanto na realização como na interpretação.
O PIOR: Como foi possível deixar esta pérola fora dos Óscares?!
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