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Classificação: (8/10) |
“This might hurt a little…”
É a frase que se pode ler no cartaz do filme. E de certa forma custa a ver o novo documentário de Michael Moore. Desta vez volta a atacar com mais um tema delicado e já de si controverso, o do sistema de saúde norte-americano… e não se fica por aqui. De facto este cineasta demarca-se de muitos outros, não só pela maneira como decide fazer os seus filmes, mas principalmente pela escolha dos seus temas. E goste-se ou não, ele acaba sempre por deixar bem marcada a sua visão.
Moore não perdeu o jeito, muito pelo contrário, apurou-o. O filme começa por se apresentar muito cativante, até porque me parece um tema que facilmente cola com a realidade alguma vez por nós vivida e que, indubitavelmente, faz com que nos identifiquemos com alguns dos personagens que vão surgindo. Não acredito que não conheçamos alguém que possua uma “história” deste género para contar com fundamentos verídicos.
Vai crescendo com o desenrolar da história, a vontade de continuar a ver, até porque Moore manipula-nos e cativa-nos de forma genial, com a introdução constante de um humor mordaz e irónico, corrosivo e até politicamente incorrecto nalguns momentos. A técnica de inserir elementos extra, como as etiquetas dos preços nos congressistas, as músicas muitas vezes com um tom cómico e a ida à Baía de Guantanamo são pontos altos.
Moore aborda uma ferida, demasiado aberta, para ser esquecida após o visionamento. É um sinal de alerta, um exercício de auto-crítica e não só. Na minha opinião o filme é global, não se restringe ao espaço norte-americano, mostra com dureza e sensibilidade a selva em que vivemos, onde tudo e todos têm o seu preço, estando apenas presente como meta final o lucro.
Apesar de gostar bastante de Moore como cineasta, acho que este “Sicko” ao contrário de “Fahrenheit 9/11” se assemelha muito a “Bowling For Columbine”. Existe um maior cuidado com o modo como é abordada a problemática, principalmente a questão política. Voltar a referir de forma tão óbvia Bush e as suas políticas, era demasiado fácil pelo que se denota um maior trabalho de casa no que respeita a não repetir registos, o que na minha óptica é muito favorável.
Como factor contra, tenho que continuar a referir a falta “do outro lado da questão” que Moore continua a não mostrar. A verdade é que nem tudo pode ser assim tão mau nos EUA e nem tudo pode ser tão exemplar noutros países. A realidade pode ser diferente para lá do território americano, mas não assim tão perfeita, aliás nada o é. Penso que não comprometia em nada o documentário, a inclusão de pontos menos positivos em países que possuem, pelo menos à primeira vista, um sistema de saúde mais organizado e por conseguinte mais produtivo e eficaz. Ainda assim, um excelente exercício fílmico que independentemente de se gostar do senhor ou não, não se consegue ficar indiferente.
Gostava ainda de poder ter a oportunidade de visionar um documentário com traços semelhantes, em Portugal, sobre o sistema de ensino ou sobre as questões obscuras que envolvem as cantinas das universidades e outras instituições. Quem sabe um dia…
O Melhor: O tema e o modo como é abordado, sempre acompanhado de um humor mordaz muito particular de Moore.
O Pior: Alguns planos demasiado extensos que acabam por perder o impacto e a não inclusão do “outro lado da questão” que me parece que só viria enriquecer o documentário.
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