Classificação: (7/10) |
“Do not stay in that room…”
Decidi ir ver “1408”, mas fi-lo com algum receio. Não só pela recorrente falta de originalidade e qualidade dos últimos filmes de terror, mas sobretudo porque ultimamente, os filmes baseados nas obras do mestre Stephen King, têm sido verdadeiros acidentes de percurso. Faz algum tempo, desde “Shawshank Redemption” e “The Green Mile”, que as obras deste autor não eram coroadas com uma boa adaptação cinematográfica.
Por isso, qual não foi a minha surpresa, quando cheguei ao intervalo a vibrar de forma intensa com este “1408”. O começo é muito bom em todos os pontos de vista. Clarifica todos os aspectos em que encontramos o personagem principal, bem como todos os seus dilemas. O seu cepticismo é realisticamente demonstrado na sequência da sessão de autógrafos, é através dele que o realizador nos indica o caminho pretendido - o do suspense e o do desconhecido. Todavia, ao mesmo tempo, dá-nos uma história quase em tempo real e com uma estrutura diferente à que estamos habituados a ver. Tudo o que é importante está à nossa vista, mas ao contrário do que é normal neste género de filmes, tudo nos é mostrado de forma inteligente e sucinta.
A realização, competente e muito segura, apresenta-nos planos geniais – o início de filme por si só diz tudo. As cenas no hotel - quando Samuel L. Jackson encontra John Cusack, a ida até ao quarto (muito bem conseguida) e o plano da chave - e é muito graças a Mikael Håfström (Derailed – Pecado Capital) que o filme se mantém muito coeso até próximo do final. O facto de também não terem recorrido aos efeitos digitais em demasia, torna o filme sóbrio, sólido e eficaz. Apesar disso, as vezes que são utilizados, foram-no a meu ver, muito bem empregues. Fascinou-me a ideia de ver os mortos como uma emissão de televisão dos anos cinquenta.
A música, fundamental num filme de terror, é, também, aqui inserida com bastante sucesso. Não se torna incomodativa e tirando uma ou outra sequência, onde acho que era desnecessária, é um elemento que ajuda a exponenciar o suspense e o objectivo do filme.
John Cusack é o homem do filme. É ele que carrega o filme às costas com uma interpretação muito acima da média, aliás muitas das vezes, trata-se de um monólogo, temos praticamente o filme todo só com John Cusack. Ele brilha e faz brilhar, com a representação de um homem inicialmente cínico e que depois é incapaz de distinguir o real do irreal (um pouco à imagem de Jack Nicholson em Shining), com uma capacidade extraordinária de comunicar com o espectador. Uma interpretação fantástica a provar que sabe e consegue muito mais do aquilo que nos tem mostrado em filmes anteriores.
Apesar de ter sido uma agradável surpresa, não posso deixar de apontar aquilo que considero ser menos bom, que na minha perspectiva acaba por fazer decrescer a qualidade do filme, e consequentemente a nota que lhe dou. Se o início é irrepreensível, a todos os níveis, o final já deixa muito a desejar. Durante o filme questionei-me várias vezes – como é que isto irá acabar?! – Pena que o fim seja tão inferior ao início. Sem querer desvendar muito, o final é demasiado confuso, extenso, desconexo e descontextualizado de todo o resto, com súbitos avanços e retrocessos que deixam o espectador sem saber onde se situar e principalmente sem perceber o desfecho do filme.
“1408” é, com certeza, um dos melhores filmes do género que vi ultimamente. Um filme a não perder, um óptimo entretenimento, com uma rotina de terror bem conseguida independentemente do ponto de vista.
O Melhor: Todo o filme até à última parte. John Cusack no seu melhor com uma interpretação fantástica.
O Pior: A última parte do filme - desconexa, exagerada e muito confusa, que não faz justiça ao resto do filme.
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