Classificação: (9/10) |
"Yipee-Ki-Yay Motherfucker!!!... "
Passados 18 anos do primeiro filme da série, John McClane surge igual a si próprio - sereno, descontraído e com a vida sempre virada do avesso. O agente da polícia com mais azar da história do cinema (está sempre no local errado, à hora errada) volta a entrar em acção. Muitos eram os receios que tinha perante o filme. O trailer era vistoso, mas faltava-lhe conteúdo, envolvia grandes cenas e sequências de acção, mas mesmo assim não me convencia. Portanto quando comecei a ouvir um certo feedback positivo de quem já tinha ido ver o filme, quis confirmar com os meus próprios olhos. E apraz-me dizer que o filme é efectivamente bom. Comecemos então pelos aspectos positivos.
Len Wiseman dirige de forma eficaz um grande filme de acção, bem filmado, com todas as sequências bem estruturadas e com um ritmo agradável (quase nem se nota o passar das horas). Não esquece de no meio de tanta acção, colocar o 11 de Setembro bem presente em praticamente todas as imagens e retratar de forma exemplar o medo por ele instaurado e por cada um de nós sentido após esse dia. Bruce Willis volta em força à personagem que lhe deu fama. O humor sempre pronto, mordaz e corrosivo encaixa perfeitamente na história e, enquanto via o desenrolar da narrativa, sentia uma enorme satisfação por finalmente terem conseguido trazer de novo ao grande ecrã este ícone do cinema.
A definição de uma história foi a principal razão pelo desfasamento de tempo existente entre o terceiro e o quarto episódios, ao que parece iam surgindo muitas hipóteses para um argumento, mas nenhuma tinha luz verde. A escolha recaiu nas novas tecnologias, o que demonstrou ser a melhor opção. Num mundo cada vez mais dependente da informática, alguém que a domina é sempre um perigo para o bem-estar dos outros. É genial, a relação de McClane com as novas tecnologias, polícia da era analógica, completamente à parte da era digital, mas que ainda sabe o suficiente para deitar por terra os planos dos terroristas. Como não sabe, arranja um parceiro improvisado, um “perito” informático, que revelou ser, também, uma óptima escolha de casting, pois a química entre os dois protagonistas é notória e as sequências cómicas protagonizadas por ambos são excelentes. A filha, apesar de secundária, acaba por ter um papel importante e no que lhe diz respeito não põe em causa a qualidade do filme.
Positivamente, tenho também de referir as muitas e prolongadas sequências de acção. Numa época em que se recorre, para praticamente tudo, aos efeitos digitais, foi uma agradável surpresa ver que muitas das sequências são compostas por imagens reais, valendo-se “apenas” de efeitos especiais que, por diversas vezes, me deixaram de boca aberta. A título de exemplo, a sequência do carro vs helicóptero (que para quem não sabe foi real, aconteceu mesmo) e algumas sequências com o camião, nomeadamente aquela em que o mesmo é destruído pelas metralhadoras do avião. De tão reais serem deixam qualquer um com os olhos bem esbugalhados.
A música é outro dos factores a ter em conta pela positiva. O facto de haver mudança de compositor, o que poderia causar uma discrepância do registo musical, não aconteceu, sendo possível mesmo ouvir, por diversas vezes, o tema genérico do Die-Hard. O que acaba por demonstrar um cuidado enorme pelos antecessores da série. Quanto à música original de Marco Beltrami, é agradavelmente discreta, sente-se a presença dela, mas nunca incomoda. O que também acaba por fugir à regra do cinema standart americano, onde há música do início ao fim, mesmo quando não é preciso.
Com tanta coisa positiva até me custa falar daquilo que considero ser o aspecto mais fraco do filme: o vilão. Só ganha verdadeira dimensão na sequência final, e, mesmo assim, sabe a muito pouco. Até aqui vem a arrastar-se demonstrando muita fragilidade, sempre refugiando-se num qualquer esconderijo por detrás de um computador. A sua falta de força é notória especialmente no confronto final com McClane, não tem a energia necessária para ser um vilão à altura de um filme como Die Hard. Dá a sensação de ser uma presa fácil para John McClane.
Outro dos pontos negativos, mas que considero ser de menor importância, é a magnitude da cena do confronto entre o avião e o camião. Se atrás a referi como contendo algumas das melhores sequências, também a tenho que incluir na menos bem conseguida noutras partes. Nomeadamente na altura em que o avião é destruído e McClane anda para lá a saltar e agarrar-se, sabe-se lá como. Apesar de ser menos bem conseguida chegamos a este ponto do filme totalmente rendidos à magia, tanto do renascimento de uma das melhores sagas de acção, como à magia do realizador pela forma como consegue contar a história, quase não se dando conta das pequenas falhas. Em conclusão, fiquei rendido e agradavelmente surpreendido.
O Melhor: Bruce Willis como John McClane e o “Yipee-Ki-Yay Motherfucker!!” final, simplesmente genial.
O Pior: A falta de um vilão à altura, ou de um actor que conseguisse dar um vilão à altura. E a falta que ele faz a este filme.
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