Classificação: (7.5/10) |
Num Verão carregado de sequelas e trilogias, Shrek é sem dúvida uma lufada de ar fresco. Apesar de não alcançar a originalidade e a imprevisibilidade do primeiro (assumidamente uma história nunca antes vista), este terceiro, ainda assim, consegue ser uma boa surpresa. A história é interessante e encerra momentos de antologia, como a magnifica sequência da morte do rei Harold e a troca de identidades entre o Burro e o Gato das Botas (cada vez mais hilariantes).
Do ponto vista técnico, este género de filmes está cada vez mais perfeito, independentemente da perspectiva em que os observemos. Movimentos, expressões, gestos e atitudes são cada vez mais reais e continuam a deixar-me absolutamente boquiaberto.
Quanto à história de Shrek é como disse anteriormente, apesar de não trazer nada de novo, retoma alguma da magia, da irreverência e da espontaneidade do primeiro e o aparecimento de personagens como o Merlin ajudam a isso. Apesar desta naturalidade, denoto uma certa ligeireza no argumento. A tendência actual dos filmes de animação já não é só divertir por divertir, introduzem uma componente de moral nas suas histórias, através da referência a grandes tópicos da nossa vida social e não só. Deixam, assim, de ser menos direccionados para crianças e cada vez mais para adultos.
Fiquei com a sensação que Shrek O Terceiro, apesar de tocar em alguns desses problemas, não os explorou tão aprofundadamente como fez nos seus antecessores. Por outro lado é muito interessante perceber o desenvolvimento emocional das personagens. No primeiro Shrek conhecíamos um ogre, feliz com a vida, sem grandes preocupações nem chatices. Neste terceiro é notável a maturidade da personagem principal - marido preocupado e dedicado, onde se denota a mesma jovialidade do primeiro, mas que ao mesmo tempo se funde com uma enorme responsabilidade para com os seus. Este desenvolvimento é igualmente visível na personagem de Fiona, cada vez mais uma verdadeira rainha. O Burro… vai ser sempre o Burro, irrequieto e maluco de todo (Eddie Murphy é fantástico na sua caracterização) e continuará a ser o elemento verdadeiramente cómico; também evolui, mas é o que ainda assim guarda de forma mais clara toda a originalidade vista no primeiro.
O humor ganha também uma nova vida nesta sequela. As piadas estão bem conseguidas, sempre com o timing certo, pelo menos na versão original. É como disse, um filme repleto de descontracção e boa-disposição que acabam por nos contagiar.
Um aparte. Acho que é das primeiras vezes que o Dolce Vita, o de Coimbra, (nos outros confesso que não pesquisei), tem disponível em cartaz as duas versões do filme. Se sou muito crítico a, normalmente, só terem a portuguesa em exibição, também tenho que reconhecer que desta vez prestaram um bom serviço aos seus clientes. Espero que seja para continuar.
O Melhor: A originalidade e imprevisibilidade de algumas sequências. Uma lufada de ar fresco na série que, pelo que ouvi, é para continuar.
O Pior: Falta alguma maturidade ao argumento. Ainda que isso possa ser o pretendido, parece-me que a grande maioria deste tipo de filmes, ambiciona ser mais, do que um simples filme para crianças.
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