Foi com grande expectativa que fui ver este terceiro “episódio” do Homem-Aranha. O trailer era excepcional, antevia um espectáculo de efeitos visuais, histórias cruzadas, sentimentos e sensações fortes, resultado de uma escolha acertada de imagens, sons, falas, músicas e situações. Ao sair da sala, apenas fiquei com o desejo - “quem me dera que o filme tivesse apenas e só mais 10% da qualidade do trailer...”.
Vamos por partes. O dito popular – “quanto mais se sobe, maior a queda”, explica, ainda que muito superficialmente, aquilo que tento dizer. Juntar tantos vilões, é sempre um risco e neste caso acaba por não ser bem sucedido. As coisas acontecem a um ritmo demasiado frenético para se conseguirem compreender. Não existe tempo para se caracterizarem as personagens, estas não conseguem respirar e transmitir a sua importância na linha narrativa. Nas sequências de acção, principalmente na primeira, não se compreende quem é quem e o que está a acontecer.
A magnitude é tanta, ou melhor tenta ser, que até os efeitos especiais, até agora irrepreensíveis, estão maus em muitos dos planos. Nota-se a falsidade do digital, mal executado, dando uma irrealidade extrema à imagem. O humor, até então sempre no momento certo, é agora uma montanha russa de falhanços no tempo narrativo. Quando se pretende humorizar sai drama, e quando se pretende fazer drama sai um melodramatismo no mínimo fora de tempo e inconsequente que só nos faz esconder a cara.
Quando se quer conjugar Homem de Areia, o novo Duende Verde, Venom, mais uma presença feminina e todos os problemas existenciais de Peter Parker é fácil imaginar que as coisas não tenham tempo para acontecer, simplesmente porque são objectos a mais.
Relativamente a algo que cada vez mais toma conta do cinema americano, as bandas sonoras. Muitas vezes, são o grande motor do filme, com as suas percussões, cordas e os sopros, que nos fazem agarrar o braço da cadeira com mais força… neste caso são perfeitamente dispensáveis. Danny Elfman, que compôs para as duas primeiras sequelas, duas muito boas bandas sonoras, pelo que sei desentendeu-se com Sam Raimi. Este, por seu turno, chamou Christopher Young (“O Exorcismo de Emily Rose”, “O Júri”, “Wonder Boys”, para mim todos grandes trabalhos) e o resultado está lá - cenas de acção com música desadequada, desequilibrada e muitas vezes mais a incomodar o ouvido do que propriamente a intensificar a componente dramática do filme... e foram muitas as situações em que a minha boca se abriu num prolongado bocejo de desinteresse.
Por fim uma das coisas que mais me incomodou, o estereótipo e a tremenda falta de imaginação e mais uma vez (des)caracterização, de Peter Parker/ Venon, quando este sofre aos poucos (o que não se vê) a mudança de personalidade. E é mau, muito mau, quando um penteado diferente, um olhar mais provocante é o suficiente para mostrar o lado negro de uma pessoa, já para não referir a cena do andar no passeio, muito à Travolta (que pelo menos sabia fazê-lo), é absolutamente ridícula.
Tudo é grande, exagerado e consequentemente desmedido, o que torna este Homem-Aranha, para mim, no pior filme da trilogia, com muito poucos pontos de atracção. Talvez se salve uma cena ou outra, mas o resto é muito de desinteressante. Já nem me lembrava da última vez que tinha bocejado a ver um filme numa sala de cinema... Como o nosso amigo Filipe me disse numa mensagem que trocámos sobre este filme, “no fim do filme senti-me como uma mosca atraído para a armadilha/ teia”. Acho que é uma boa frase para definir o muito do desagrado que também senti.
O Melhor: Talvez a cena da grua, que me parece a mais pensada e bem executada.
O Pior: No fim... um pouco de tudo!!!
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