Sábado, 24 de Fevereiro de 2007

"The Good Shepherd" - A ovelha tresmalhada

 

      Catorze anos depois da sua estreia como realizador, com o “Um Bairro em Nova Iorque”, Robert de Niro, volta a colocar-se por detrás das câmaras, e dirigir um elenco de estrelas. A premissa parecia-ma do melhor dos últimos tempos no género de espionagem, e com a densidade politica que se vive nos nossos dias, a ideia de vermos como e quem criou uma das maiores agências governamentais da historia da América, CIA, tudo indicava, como no teaser que tem passado na televisão, que seria um dos melhores filmes de espionagem de sempre. Confesso que as minhas expectativas andavam, por todas estas razões bem lá por cima e quando assim é, há dois resultados possíveis, ou o filme equipara as nossas pretensões, ou acaba por nos deixar um vazio que nunca conseguimos explicar bem.
       Os problemas, para mim, começam logo com a divisão do filme em dois tempos, a vida actual do personagem principal, interpretado por Matt Damon (e com uma caracterização demasiado sombria), e com o passado deste mesmo personagem que é basicamente o que faz desenrolar a história de encontro ao tempo real e claro ao problema colocado no inicio do filme. Ora é sempre difícil incutir um ritmo interessante, quando esta divisão temporal origina uma história que se divide em blocos acontece, e são muitos poucos os filmes que o conseguem fazer, e ao longo do filme eu fui sentindo essa dificuldade. O filme nunca ganha aquele ritmo inerente à espionagem porque na verdade não o pretende fazer, o que interessa acima de tudo é o personagem e muito pouco de CIA e afins. Assim temos imagens bem pensadas, algumas até muito bem coreografadas mas sem aquela magia que nos cativa o olhar e nos prende ao ecrã. No intervalo, ouvia as pessoas a comentarem, “isto tá muito parado”, “mas isto não avança nada” e coisas do género que vem um bocado de encontro ao que digo.
       Quando acontece uma divisão temporal do filme, a atenção recai claro sobre o personagem principal, pois é nele e com ele que tudo se vai desenrolar para o final conjunto e que junta esses dois referidos tempos, e é um prazer, uma descompressão quando se vê Matt Damon sorrir, que apenas acontece três ou quatro vezes ao longo das quase três horas de filme. Tudo bem é uma caracterização, mas que não posso deixar de referir que é demasiado sisuda e que apesar de todos os valores que esta personagem ostenta relativamente a todos os outros, não deixa de ser demasiado escura, o que ao longo do filme nos leva a um desinteresse relativo, por ele e consequentemente pela história. 
       A música tenta muitas vezes ser aquilo que o filme nunca quer ser ou apresentar, suspense, e nalgumas das cenas, a musica promete muito, e depois… nada de muito especial acontece, acabando por à segunda ou terceira vez que isto acontece adivinhar o que vai acontecer, tornando-o previsível, tal como o seu final.
Mas falando assim parece que o filme são só coisas más, não, tem os seus valores e as suas mais valias. Todos os personagens, tirando aquela questão relativamente a Matt Damon, que no fundo acabo por compreender, estão no ponto, pena que muitos deles apareçam tão pouco. O argumento é de todo excelente do principio ao fim, e apresenta uma história que me fez ir ao cinema por tudo aquilo que a CIA representa hoje para nós e por todos os problemas e valores que ela trás agarrada a si, como a verdade, sinceridade, honestidade, confiança e até a definição de grupo, que me parece muito bem conseguida, com todo o ambiente da sociedade secreta, “primeiro a sociedade, depois Deus”. Ficou-me na retina a verosimilhança na representação dos jantares e encontros organizados por algo que antecedia a CIA, isto porque é nessas cenas que é realçado a importância extrema da mesma, ao ponto de quase sempre a família ficar para trás. Apesar de tudo isto, um filme a ver mais que não seja para poderem discordar.
 
O Que Mais Gostei: O argumento, a ideia da importância que teve a formação de uma agencia como a CIA.
O Que Menos Gostei: A divisão em blocos temporais e a sua consequente falta de ritmo.
 

 

publicado por OlharCrítico às 15:30
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