Terça-feira, 9 de Junho de 2009

Crítica: "Six Feet Under"


 Classificação:  (10/10)

 

Há já algum tempo que não dedico este espaço ao panorama televisivo. Curiosamente vou fazê-lo com uma série que já não é propriamente recente. Estreou por cá no Verão de 2002. E confesso foi uma série que nunca consegui (ou quis) acompanhar… até agora. E nestes últimos tempos disponibilizei algumas horas para finalmente ver as suas cinco temporadas. Mais uma vez uma agradável surpresa, no mínimo. Uma típica família Americana – disfuncional portanto – tem como negócio uma agência funerária. Este é o princípio para todo o desenrolar dos episódios, que têm em comum, começarem sempre com a morte de alguém. É essa morte (muitas das vezes bastante cómica e provocatória diga-se) que faz avançar toda a narrativa. De facto é simplesmente delicioso visionar esta temática (normalmente uma austera para nós) que é a morte, com toques absolutamente geniais de humor, bom senso e uma sensibilidade fora do comum. Refiro a morte mas de facto esse é apenas um dos muitos temas que esta série aborda, sendo que muitos deles ainda são bastante “tabu” para a nossa sociedade. É assim uma série dramática, com toques de humor negro que acaba por ser não só divertida – é certo – mas também muito emotiva e comovente.


Grande parte desta genialidade vem da mente criativa de um dos principais argumentistas, Alan Ball (“American Beauty” e “True Blood”) que nos providencia histórias humanas, realistas e emocionantes com temas actualizadíssimos, pertinentes e cativantes. A outra parte responsável por este sucesso, são os actores que personificam as personagens desta história, com as quais facilmente nos revemos e identificamos, que se apresentam extremamente bem definidas e trabalhadas, com as quais conseguem uma aproximação emocional do espectador. Com o elenco encabeçado por Michael C. Hall (o nosso serial-killer preferido do momento em “Dexter”), num papel arrojado (para não dizer mais), Peter Krause de “Dirty Sexy Money”, Rachel Griffiths de “Brothers & Sisters”, Richard Jenkins, James Cromwell e Kathy Bates, facilmente se percebe a mais-valia que é reunir este conjunto de talentos.


Tecnicamente também há muito pouco a referir, pois tudo anda muito próximo da perfeição. Há tempo (e espaço) para tudo acontecer, os planos e os movimentos de câmara estão, na minha opinião, perfeitos e contextualizados ao tipo de série (história) que nos é dada a ver. Agradou-me acima de tudo, nos momentos mais dramáticos, a serenidade e segurança que toda a composição do plano evidencia e onde é perceptível uma harmonia fora do comum. Dá mesmo vontade de dizer que praticamente nada falha.


Em suma, uma pequena pérola dentro do tremendo boom de séries que têm vindo a aparecer nestes últimos dois anos. Pérola em vários sentidos. Porque não é fácil lidar com o tema que têm em mãos e no entanto fazem-no com uma mestria surpreendente. Porque não é fácil manter um nível elevado no decorrer de cinco anos de produção e esse nível é, devo dizer, bastante equilibrado. E acima de tudo porque hoje em dia, tem sido evidente a dificuldade que existe em concluir séries, prolongando-as, por vezes demais do que deveriam, ou ainda mais frequente, dando-lhe finais “demasiado” abertos e inconclusivos. No entanto “Sete Palmos de Terra” apresenta-nos um final – uma sequência de dez minutos no último episódio – simplesmente perfeita e inesquecível. Por tudo isto “Six Feet Under” é simplesmente um “must” no que respeita a séries.


O MELHOR: No geral tudo, no particular a fabulosa sequência final do último episódio.


O PIOR: Nada.

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publicado por OlharCrítico às 00:51
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2 comentários:
De Rodrigo a 15 de Junho de 2009
Boas.

Comecei ontem a ver a serie. Gostei do episódio piloto, espero que o resto esteja ao mesmo nível. Pela tua análise parece que sim.

Comecei depois de ter acabado de ver a Série Dexter. É estranho ver agora o Michael C. Hall neste papel de gay.

Cumps.
De OlharCrítico a 16 de Junho de 2009
Caro Rodrigo,

Muito me agrada que tenhas começado a ver aquela que para mim foi uma das melhores séries que já vi. Michael C. Hall, num papel estranho ou não, não deixa de estar portentoso, aliás como já nos tem vindo a habituar! Realmente o episódio piloto promete tal como a grande maioria deles. A meu ver todos eles foram muito bons ainda que reconheça que alguns "possam" ser superiores.

Espero sinceramente que gostes e já sabes, tens aqui um fã para quando te apetecer conversar sobre isso. :)

Cumprimentos,

A.S.

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