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Classificação: (10/10) |
Há já algum tempo que não dedico este espaço ao panorama televisivo. Curiosamente vou fazê-lo com uma série que já não é propriamente recente. Estreou por cá no Verão de 2002. E confesso foi uma série que nunca consegui (ou quis) acompanhar… até agora. E nestes últimos tempos disponibilizei algumas horas para finalmente ver as suas cinco temporadas. Mais uma vez uma agradável surpresa, no mínimo. Uma típica família Americana – disfuncional portanto – tem como negócio uma agência funerária. Este é o princípio para todo o desenrolar dos episódios, que têm em comum, começarem sempre com a morte de alguém. É essa morte (muitas das vezes bastante cómica e provocatória diga-se) que faz avançar toda a narrativa. De facto é simplesmente delicioso visionar esta temática (normalmente uma austera para nós) que é a morte, com toques absolutamente geniais de humor, bom senso e uma sensibilidade fora do comum. Refiro a morte mas de facto esse é apenas um dos muitos temas que esta série aborda, sendo que muitos deles ainda são bastante “tabu” para a nossa sociedade. É assim uma série dramática, com toques de humor negro que acaba por ser não só divertida – é certo – mas também muito emotiva e comovente.
Grande parte desta genialidade vem da mente criativa de um dos principais argumentistas, Alan Ball (“American Beauty” e “True Blood”) que nos providencia histórias humanas, realistas e emocionantes com temas actualizadíssimos, pertinentes e cativantes. A outra parte responsável por este sucesso, são os actores que personificam as personagens desta história, com as quais facilmente nos revemos e identificamos, que se apresentam extremamente bem definidas e trabalhadas, com as quais conseguem uma aproximação emocional do espectador. Com o elenco encabeçado por Michael C. Hall (o nosso serial-killer preferido do momento em “Dexter”), num papel arrojado (para não dizer mais), Peter Krause de “Dirty Sexy Money”, Rachel Griffiths de “Brothers & Sisters”, Richard Jenkins, James Cromwell e Kathy Bates, facilmente se percebe a mais-valia que é reunir este conjunto de talentos.
Tecnicamente também há muito pouco a referir, pois tudo anda muito próximo da perfeição. Há tempo (e espaço) para tudo acontecer, os planos e os movimentos de câmara estão, na minha opinião, perfeitos e contextualizados ao tipo de série (história) que nos é dada a ver. Agradou-me acima de tudo, nos momentos mais dramáticos, a serenidade e segurança que toda a composição do plano evidencia e onde é perceptível uma harmonia fora do comum. Dá mesmo vontade de dizer que praticamente nada falha.
Em suma, uma pequena pérola dentro do tremendo boom de séries que têm vindo a aparecer nestes últimos dois anos. Pérola em vários sentidos. Porque não é fácil lidar com o tema que têm em mãos e no entanto fazem-no com uma mestria surpreendente. Porque não é fácil manter um nível elevado no decorrer de cinco anos de produção e esse nível é, devo dizer, bastante equilibrado. E acima de tudo porque hoje em dia, tem sido evidente a dificuldade que existe em concluir séries, prolongando-as, por vezes demais do que deveriam, ou ainda mais frequente, dando-lhe finais “demasiado” abertos e inconclusivos. No entanto “Sete Palmos de Terra” apresenta-nos um final – uma sequência de dez minutos no último episódio – simplesmente perfeita e inesquecível. Por tudo isto “Six Feet Under” é simplesmente um “must” no que respeita a séries.
O MELHOR: No geral tudo, no particular a fabulosa sequência final do último episódio.
O PIOR: Nada.
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