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Classificação: (4.5/10) |
NOTA: Esta semana, por motivos de excesso de trabalho fora do âmbito do blog, o André não teve tempo de preparar com o rigor que já nos acostumou, a crónica semanal do "O Outro Lado da Tela". De qualquer forma, em jeito de compensação, deixo-vos a última crítica que me enviou, do filme "O Contrato". |
Apesar de já ter estreado há algum tempo, só recentemente tive oportunidade de o visionar. Para além disso trata-se de um filme português e só por esse facto parece-me pertinente apresentar um texto sobre ele.
Acompanhei, na altura da estreia, algumas entrevistas com realizador, actores e equipa técnica, e algumas coisas que fui ouvindo pareceram-me muito interessantes. Este era portanto um daqueles filmes no qual eu tinha uma certa curiosidade e expectativa.
Acrescentando a isso, trata-se de um filme que vai de encontro a um “género” (acção/ thriller) que na minha opinião tarda em aparecer no nosso cinema, e que poderia aqui pontuar nesse sentido. Pena que se tenha ficado apenas pelo “podia”.
É certo que lá para os lados de Hollywood, somos frequentemente presenteados com filmes, que apesar do seu argumento fraquinho, conseguem obter grandes resultados de bilheteira. Mas a nossa realidade é outra e disso não há dúvida. Este “Contrato” começa a “falhar” o seu objectivo logo neste primeiro passo tão importante. O argumento é desconexo, algo desinteressante até, e é desenvolvido a velocidade de caracol durante grande parte do filme, para avançar a uma velocidade estonteante nos últimos dez minutos, com twists mais ou menos esperados. Ainda neste capítulo é preciso referir que os diálogos são, em alguns casos surreais e de maneira nenhuma se enquadram no filme, e ao contexto descrito no mesmo.
Alguns destes problemas estão relacionados com o facto de o filme não possuir uma identidade própria. Vai buscar ideias aqui e ali, algumas demasiado evidentes, algumas bastante boas (como é o caso do plano “à Vertigo” quase já no final – pena que o filme não possuísse mais destes exemplares), e outras que são indiferentes ou irrelevantes, devido à quantidade de vezes que determinada cena já foi vista ou filmada. São, portanto, imensos os lugares comuns que acabam por retirar toda a originalidade que a obra à primeira vista poderia ostentar.
Quantos às interpretações, apesar do que por cá é dito, foram o que mais me agradou. Eficazes o quanto baste, adequadas a um contexto cinematográfico, acabam por resultar na generalidade do filme. Pedro Lima até consegue convencer, dentro da medida do possível, e Cláudia Vieira também não compromete. Alguns dos secundários estão particularmente bem, como são os casos de Vítor Norte e José Wallenstein.
O mesmo já não acontece com a parte técnica. Todo o filme é muito plástico, algo forçado. Isto é evidente nos elementos de raccord (transição entre planos), nos quais, na grande maioria, deixam muito a desejar. A utilização de efeitos digitais é desnecessária e definitivamente não resulta. Fazer-se a explosão (que inclusivamente aparece no trailer) teria sido bem mais eficaz se se tivesse recorrido a efeitos especiais (ao invés dos efeitos por computador), já para não falar que provavelmente teria ficado mais barato. Além disso não temos os meios (pelo menos ainda) para conseguir fazer uma cena deste tipo, que aparente e evidencie realismo. Quanto à música, apenas dizer que por vezes senti que estava a ver um filme pornográfico, e é pena, pois algumas cenas ficam bastante prejudicadas pela melodia ambiente (como por exemplo a cena do chuveiro que tem a sua beleza) e na qual a música estraga completamente o momento.
No final, acaba por ser uma desilusão e resta apenas a tentativa de se fazer algo diferente. Mas falta ainda muito… e bem vistas as coisas, com um argumento sólido, verosímil e interessante, ficaria a faltar bem menos, pois também de outra forma, simplesmente nunca irá resultar.
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