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Classificação: (9/10) |
Após muito se ter ouvido, lido e comentado, finalmente Batman chega às nossas salas de cinema. Foi com grande expectativa que fui ver este filme. Apesar de se saber muito sobre a sua campanha de marketing, resolvi cortar com tudo o que era informação relativa a este filme antes da sua estreia. Queria vê-lo na sua simplicidade sem automaticamente o estar a desconstruir enquanto o visionava. Desde o inicio que o filme promete. Gosto muito da introdução a todas os personagens pois é feita de forma exemplar, cada um no seu papel. A história a pouco e pouco vai-se desenrolando, ainda que ache que na primeira hora o filme precisaria de mais ritmo.
A história, e mais concretamente o argumento, parecem-me conter pontos de todo muito interessantes. São várias as questões que vão surgindo, tanto do foro mais intelectual, como pessoal ou humano. No que respeita a estas questões, apenas lamento que nenhuma delas tenha sido verdadeiramente aprofundada, o que penso que iria trazer mais densidade e dramatismo à narrativa. Apesar de a história ser algo sinuosa com muitos pontos de viragem, penso que consegue ser bastante eficaz visto que agarra, ou pretende agarrar o espectador até ao último segundo de filme.
As personagens e quem as compõem estão todas muito bem conseguidas. Batman, ainda que de certa forma relegado para segundo plano, consegue manter a sobriedade necessária. Talvez falte um pouco de caracterização do lado humano de Bruce Wayne mas de certa forma é compreensível. Há coisas mais importantes para serem exploradas e no primeiro já se fazia bastante dessa caracterização.
Joker, é absolutamente genial. Dizerem, como já li nalguns sites, que Heath Ledger não fez mais do que o seu trabalho de actor, é desprestigiar e minimizar a verdadeira magnitude de tamanha performance. Excelente caracterização física (máscara), e ainda mais impressionante a perspectiva emocional descontrolada que lhe confere a sua maneira de ser. Tudo é perfeito. As mãos sempre sujas, e o olho e a sua maquilhagem que esborrata ligeiramente a pintura de “palhaço” e toda a dimensão diabólica e má que este Joker consegue passar ao espectador. Praticamente em todas as interpretações, se consegue perceber o actor que por detrás lhe dão corpo. Neste caso isso não acontece. É apenas Joker que existe, proveniente de um conhecimento muito intrínseco daquilo que o actor pretendia para este personagem. Isso tem tanto de notável quanto de memorável. E por muito que digam, não o consigo comparar seja com quem for. Cada um existe no seu registo, e cada um cumpre a sua função. São objectos incomparáveis.
De igual forma muito bem conseguido, Harvey Dent. Uma excelente interpretação, muito segura e sóbria, que acaba por se tornar todo o motivo de desenrolar da história. É muito interessante a composição que este personagem sofre ou vai sofrendo durante o avançar do filme, tanto a nível emocional como interpretativo.
Todos os secundários estão igualmente bem e recomendam-se. Morgan Freeman, e Michael Caine, até podem falar pouco mas quando falam, abafam tudo à sua volta. Rachel, interpretada por Maggie Gyllenhaal, é uma actriz que Katie Holmes nunca vai conseguir ser. Gary Oldman, está perfeito, e nada mais me apraz dizer.
Relativamente aos efeitos especiais, foi uma escolha acertada a decisão de se fazer praticamente tudo sem recorrer ao CGI. Transmitem uma credibilidade ao espectador fora do comum, e além disso são muito mais apelativos a quem vê. Por outro lado, quando o CGI é utilizado, normalmente a coisa não corre muito bem. Pessoalmente detestei a caracterização de Two-Face, pois nada consegue transmitir, é isenta de personalidade ao contrário da “máscara” de Joker, que executada fisicamente é muito mais verosímil. As cenas de perseguição estão bem conseguidas e resultam muito bem.
Uma pequena referência a várias sequências, onde a montagem é feita de forma paralela (alternada), com três ou mais histórias a decorrerem simultaneamente (a título de exemplo, a sequência que antecede a invasão da festa por parte do Joker). É um exercício muito bem feito e acima de tudo que resulta de forma exemplar, criando muito tensão e rapidez na imagem. A transição entre sequências é acertada e concretizada na altura certa. No fim oferece ao espectador, uma agradável visualização das referidas sequências, que trás muito de positivo ao filme.
Por fim a música. Diferente do primeiro, é muito mais presente. Recorre-se a sons que são trabalhados para criar tensão e desconforto no espectador. Se por um lado resulta, por outro considero que retira alguma da magia ao espectador visto que este se apercebe que algo vai acontecer. Ainda assim para o filme que é, consegue ser positivo.
Em suma, um filme excelente. O seu objectivo é entreter, e cumpre essa função na sua totalidade. Quanto à obra de arte propriamente dita e que muitos defendem, acho que ainda tem de voar um bocadinho mais, mas não deixa de ser um dos melhores filmes de super-heróis que vi.
O MELHOR: Heath Ledger e Joker, Aaron Eckhart e Two-Face. Todos os secundários. Algumas sequências.
O PIOR: A caracterização digital de Two-Face.
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