Essencialmente porque me apetece escrever um bocadinho antes de oficializar a minha entrada de férias das crónicas semanais. E também porque é sempre difícil falar-se de férias sem que uma onda de nostalgia de enormes dimensões nos atinja, fazendo-nos recuar no tempo para aqueles dias maravilhosos, num local inesquecível com a companhia perfeita. Esta altura do ano é por eleição a altura preferida de todos. Os que trabalham finalmente podem descansar, fazendo longas viagens e muitas das vezes para levarem uma vida muito semelhante àquela que levam durante o resto do ano, mas que só por se sentirem em férias, já é possível suportar. Para os que não trabalham é aquela altura do ano em que podem descansar de procurar possíveis empregos e do stress do dia-a-dia em frente a um computador, não deixando de ansiar por novas e possíveis oportunidades futuras.
É também nesta altura do ano que as roupas diminuem devido a uma reacção implícita entre o corpo e a temperatura ambiente. E isto é uma maravilha, pois parece que as pessoas andam, de uma forma quase imperceptível, como se levitassem, deslocam-se com um andar mais leve, descontraído e despreocupado, apresentam-se mais sorridentes como se nada mais houvesse ou importasse se não aqueles preciosos raios de sol que nos banham a pele. Aumentam-se os cuidados com a aparência (e por falar nisso tenho que ir cortar as unhas), usa-se e abusa-se dos solários, dos longos períodos de exposição a esse nosso amigo Sol. Na praia todos libertamos a criança que existe dentro de nós e ainda que seja por breves momentos, transformamo-nos em putos malucos quando a onda vem e nos deita ao chão com uma facilidade assustadora. É aí que nos rimos nervosamente, meio engasgados com a água que engolimos mas no fundo despreocupados com o tremendo banho que acabámos de levar.
As férias no geral englobam tudo isto. Uma certa despreocupação onde não tem que existir uma obrigatoriedade de horários, onde podemos estar sem pensar em trabalhos, chatices, primeiros-ministros, ministras da educação ou de outra qualquer estirpe, onde o que interessa apenas é o nosso bem-estar e a respectiva meteorologia. No meio de tudo disto, e para fugir ao sol nas horas de maior calor, um tempinho para ver um filme, um daqueles bem-dispostos e animados, eu sugeria a “Ressaca” ainda em muitos cinemas pelo país, que realmente consegue ser uma lufada de ar fresco no género e na originalidade dentro do género, fugindo de possíveis semelhanças com outros filmes que já se apresentam como estando gastos mesmo antes de estarem feitos.
Férias… palavras para quê?! Não há palavras que consigam descrever o que cada um de nós sente ou experiencia. Aquilo que se vive é mais marcante do que tudo o resto, independentemente daquilo que se pode dizer ou não. É assim que espero que os “meus” leitores (e meus num sentido de profunda amizade) vivam e usufruam nestas férias. Que recarreguem as energias ao máximo para a segunda metade do ano, e acreditem, se esta passar tão depressa como a primeira… quando dermos por ela já o ano terminou. Não se esqueçam de ver muitos e bons filmes (se bem que este segundo critério é cada vez mais difícil), de os apreciar tal como tudo aquilo que vos rodeia. Pois na verdade não se saberá se amanhã lá estará para ser contemplado.
E desta feita, em vez do meu “até para a semana” deixo-vos com um profundo agradecimento, pela activa participação nestas 20 crónicas semanais (é verdade 20 semanas de crónicas), agradecendo especialmente o facto de terem “perdido” algum tempo das vossas vidas para comentarem e escreverem as vossas opiniões sobre os temas em causa. A todos vós o meu obrigado e o mais sincero desejo de umas óptimas férias.
Até um dia destes!
É mais que sabido que as editoras/ distribuidoras de cinema do nosso país ficam quase sempre muito longe das expectativas. Especificamente nas editoras, ou porque uma determinada edição em DVD não se faz acompanhar com extras decentes, ou que pelo menos sejam iguais aos da edição dita original, ora porque custa quase o dobro do que anterior e com menos extras lá está, ou ainda mais grave, aquilo que me aconteceu nestas ultimas semanas com a colecção da série “24” a custar 19.90€ quando na semana anterior custava mais dez euros (e isto já com desconto). Do mal, o menos pensei eu. O pior foi quando saí da loja e a 1ª e 2ª temporada possuíam praticamente todos os discos que as compunham, riscados. A acrescentar a isto, o mesmo já me havia acontecido em Viseu. As duas primeiras temporadas estão num estado lastimável. Após apresentado o caso na loja, promoção válida apenas para a FNAC, foi feito um pedido de um novo artigo com a nota de que os discos se encontravam riscados. Quando esse respectivo pedido chegou, pedi como é óbvio para confirmarem os discos e qual não é o meu espanto… estavam praticamente todos no mesmo estado – riscados e imundos. Fica já aqui o aviso, verifiquem sempre os DVDs depois de os comprarem e fica aqui a sugestão à editora em causa, que os discos não servem de “frisbbees” apesar da estação em que nos encontramos. Muito menos servem de discos rotativos que se introduzem em certas máquinas de limpeza a fim de polir o chão. É certo que nunca referi isto antes porque confesso, pensei que fosse do senso comum… por vezes sou mesmo crente.
Ora com as distribuidoras (que por vezes também podem ser editoras), são também férteis as situações engraçadas (mas que no fundo apenas provocam as mais sinceras lágrimas do ser mais sério e lúgubre). Foi na “Premiere” que li que o filme “Deixa-me Entrar”, objecto cinematográfico Sueco e que para alguns é uma verdadeira escola de cinema, está disponível em apenas duas salas de cinema. Uma no Porto e outra em Lisboa. Que Lisboa é capital eu já sabia, agora que Porto e Lisboa são as duas únicas cidades que constituem PORTUGAL onde algum inteligentezinho da treta acha que é aceitável (ou rentável) disponibilizar o filme, isso não sabia. Bem vistas as coisas só há gente culta, inteligente e interessada em cinema nestas duas cidades, o resto é copos, cerveja, tremoços e amendoins, sem esquecer o futebol à mistura por isso até é uma decisão minimamente aceitável… mas será mesmo?!? Pessoalmente gostava de conhecer os “artistas” por detrás destas noções de marketing e de mercado e tentar perceber (se é que é possível) o que se passa nas suas cabecinhas pensadoras. Torna-se ainda mais vergonhoso quando um filme com uma história similar – que está ao mesmo nível que uma qualquer bugiganga desprovida de interesse, maioritariamente direccionado para adolescentes com hormonas aos saltos na grande maioria das vezes sem nenhuma noção de qualidade seja do que for – proveniente de uma co-produção da MTV, é distribuído pelo país inteiro.
E mesmo a calhar volta à baila a questão triste e idiota de não se disponibilizar filmes de animação no seu idioma original. Mais uma vez o infeliz do conimbricense (e infelizmente deve haver por aí espalhados muitos mais infelizes) se quiser eventualmente ver o filme “Idade do Gelo 3” só poderá fazê-lo se gramar com a versão dobrada (que independentemente da sua qualidade) não pode existir por si só. Bolas é arranjarem a porcaria de mais uma bobine com a versão original. Ai é muito caro poderão dizer alguns. Caro é pagar 5€ por um menu normal de pipocas com uma Coca-Cola e outro tanto por um bilhete, isso sim é caro. Só o dinheiro que é feito neste consumíveis dava para pagar não sei quantas versões originais. É revoltante constatar-se o que é feito de forma recorrente por grande parte destas empresas, que gerem e manipulam tudo e todos em prol de receitas financeiras, que fazem o que querem e o que bem lhes apetece sem nunca em momento algum pensarem na qualidade ou versatilidade a que o consumidor tem direito, ou pior ainda, sem nunca pensarem no ridículo, escandaloso e ultrajante serviço que fazem em nome da suposta cultura. Não há cultura no nosso cinema actual. Aliás não há praticamente nada a não ser a grande maioria do lixo americano, pois esse não falha um, ora essa!
No fim somos obrigados a levar com publicidades contra a pirataria e afins. Qual pirataria?! Viva a pirataria – aliás serviço de qualidade onde escolho aquilo que me interessa – viva aos downloads (i)legais e aos “sacanços” em massa. Pelo menos aí posso ver o que quero, quando quero, como quero e acima de tudo sem riscos nos DVDs e sem ter que levar com o raio das dobragens. E quem diz a verdade não merece castigo já lá diz o ditado. É que olhando objectivamente para a questão, não há mesmo outra alternativa, se não na internet, para combater e se conseguir reunir as condições mínimas no que diz respeito à diversidade na cultura cinematográfica do nosso país… pois de outra forma só mesmo a resignação e a consequente toma de produtos sobrevalorizados, inócuos e isentos de qualquer critério de qualidade. É este o tipo de cinema que quero?! – Definitivamente não!!!
Até para a semana!
Não sei se os leitores porventura sentem o mesmo mas eu já há muito tempo que não saio de uma sala de cinema marcado por um filme que tenha visto. Há muito tempo que uma história não me marca, não me emociona, não me deixa a pensar e a reflectir sobre os seus diversos pontos de vista. Talvez tenha sido “Gran Torino” de Eastwood o último a deixar uma marca tão profunda, ou dito de outra forma, desde Março. Dirão muitos e com toda a razão que o cinema serve essencialmente para entreter, o que é algo com que eu concordo mas fazendo um esforço para saltar a barreira que para muitos divide o “entretenimento” daquilo a que eu chamo de “cultura com entretenimento”, depressa percebemos que o salto não é assim tão difícil.
O cinema, e aqui insere-se principalmente o dito cinema americano de Hollywood, está a viver uma crise evidente de falta de imaginação e originalidade. Fazem-se remakes de todos os tipos de filmes, sequelas atrás de sequelas, adaptações cada vez mais rigorosas de bandas desenhada e no fim acaba por tudo junto, ser ainda muito pouco. Esta onda dos blockbusters com os seus filmes de puro entretenimento (deste feita já não é só entretenimento é também “puro”) já foram vistos vezes e vezes sem conta. Não acrescentam nada de novo e as únicas inovações são em categorias técnicas, com porções enormes de efeitos especiais e digitais, sequências megalómanas, absurdas quantias de dinheiro gastas para que no fim aquilo tudo espremido dê efectivamente para muito pouco.
Mas a verdade é que para isto acontecer é porque alguém dá a entender que isto é o que se quer. Esse alguém somo nós, os espectadores que vão ao cinema, que pagam os seus bilhetes para visionarem um filme. Se determinado filme tem óptimas receitas de bilheteira o mais certo é que tudo se volte a repetir numa sequela uns mais tarde. Tudo isto é ainda mais complexo pois eu também não concordo que se deixe de ir ver um determinado filme apenas porque se sabe que o realizador ou a história são fracas. Penso que devemos sempre ajuizar e criticar tendo em conta aquilo que vivemos ou sentimos perante um determinado objecto ou situação. No fundo a experiência pessoal é sempre a mais importante em todo e qualquer meio. Por outro lado também não critico de forma nenhuma e muito menos condeno quem não vai ao cinema por não gostar do realizador – e se for Michael Bay o melhor mesmo é deixar de lado – ou devido a uma outra qualquer razão.
Não posso porém deixar de referir mais uma “pura” verdade. Falta imensa diversidade nos nossos cinemas. Raramente temos opção de escolha perante um filme e quando a temos, normalmente as escolhas que nos são possibilitadas variam entre a “chungice” do cinema espectáculo – do qual eu gosto entenda-se – onde frequentemente se escreve um argumento partindo da quantidade de vezes que se quer explodir algo e que normalmente resultam em objectos cinematográficos sem qualquer tipo conteúdo (tornando-as assim descartáveis) ou entre o “intelectualismo” do cinema Português que peca muitas das vezes por apresentar demasiado conteúdo. Seremos assim um povo que se satisfaz apenas com explosões, efeitos, gajas em posições sensuais, barulho e frenesim?! Ou seremos também um povo que de vez em quando gosta de ver um filme que nos faz parar para pensar e reflectir sob um determinado tema?! É caso para dizer, nem 8 nem 80.
Não posso falar por todos mas quero crer que muitos de nós nos inserimos nesta segunda categoria, onde é importante o trabalho dos actores, dos principais aos mais discretos secundários, onde é importante a riqueza, inteligência e originalidade evidenciada na escrita do argumento que se apresenta com uma magnificência invulgar ao contrário da noção que nos é apresentada pelo actual cinema americano que apenas se pretende distinguir pela sua vanguarda técnica principalmente no que diz respeito aos efeitos especiais. Nem sempre a modernidade se faz acompanhar da mesma excelência evidenciada em filmes independentes ou europeus que verdade seja dita, dificilmente se conseguem encontrar nas nossas salas de cinema, mais conhecidas por salas de consumo desenfreado de imagem e barulho que não respeitam o mínimo rigor na qualidade ou na diversidade.
Vivemos de facto numa altura complicada onde só os valores do consumo são importantes. Cortam-se as raízes com os modelos clássicos do cinema, o que não tem de ter obrigatoriamente um lado positivo ou negativo, apenas servem como uma infeliz constatação. A verdade é que hoje o espectador com toda a tecnologia à disposição acaba por assumir uma posição muito descartável relativamente ao cinema, quase que como se tivesse deixado de ter interesse ou pertinência um filme mais pensado ou elaborado, algo que no fundo todos nós, na posição de espectadores verdadeiramente apreciadores de cinema, sabemos de antemão não ser verdade.
Existiam e ainda existem uns livros muito engraçados em que o objectivo era procurar uma personagem no meio de uma multidão, que tem como título “Onde está o Wally”. Pode-se fazer com relativa facilidade o mesmo exercício para o nosso cinema de Hollywood. No meio de tantos filmes, tantas explosões, tanto CGI, tanto plano super frenético e imperceptível que tantas vezes já foram vistos, é mesmo caso para perguntar, onde está a originalidade e a imaginação?! O pior é que ao contrário do livro, onde com mais ou menos tempo se conseguia encontrar o “Wally”, tenho muitas dúvidas que no caso do cinema se consiga efectivamente atingir esse fim.
Até para a semana!
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Classificação: (6/10) |
“Mais” não tem que ser implicitamente “melhor”. Fui ver “Transformers 2: Revenge Of The Fallen” com alguma expectativa mas não muita confesso até porque conhecendo a filmografia do realizador, nas vezes que fez sequelas, o resultado digamos não foi propriamente o melhor. Realmente tinha-nos sido prometido mais e melhor e da mesma forma que me parece que alguém se esqueceu da segunda parte também me parece que confundiram “mais” com “a mais”.
Transformers tem demasiadas personagens e demasiado tempo em personagens que chegam a irritar. Ser-se cómico não implica necessariamente que se seja estúpido e algumas piadas protagonizadas pelos pais de Sam (que no primeiro até conseguiam ter graça) chegam a ser dramáticas de tão idiotas serem. São demasiados robots e todos acabam por aparecer pouco tempo e rigorosamente nenhum consegue apresentar pontinha que seja de caracterização. Até os transformers que já vinham do primeiro não tem qualquer tipo de caracterização. A título de exemplo, a relação de Bumblebee com Sam é inexistente, não tem qualquer tipo de exploração ou aprofundar. A verdade é que se trata de uma sequela ainda que por aquilo que nos é constantemente apresentado facilmente se pense que apenas se trate de um primeiro capítulo. E não podendo afirmar com toda a certeza, tenho a impressão que Bumblebee (apenas como exemplo pois poderia facilmente escolher outro), aparece em menos planos do que aqueles em que podemos literalmente contemplar o poderio militar americano. O Devastator, por muito perfeito que esteja na sua composição digital, aparece apenas durante 10 minutos de filme, se tanto e o mesmo acontece com muitos dos outros robots que não tem tempo para protagonizarem um filme ao qual dão nome.
Relativamente ao argumento, não posso deixar de dizer que tem algum, mas também não posso ir mais longe. Continua a ser demasiado previsível e cheio de clichés bem ao género do cinema de Bay. Neste segundo capítulo não se trata de um filme sobre robots, isto é de forma evidente e declarada um filme sobre os militares norte-americanos no qual lá pelo meio se resolveu introduzir robots. Eu estou seriamente tentado a ir ver novamente apenas para contar os planos em que aparece tecnologia ou instrumentos militares. Continuando, é muito provavelmente o filme que vi nos últimos tempos com maior quantidade de piadas fáceis, inconsequentes, ridículas e infantis. As primeiras ainda passam mas rapidamente se transformam num sacrifício. Os actores até que se salvam, fazem o que podem e estão ao nível do que nos habituaram no primeiro capítulo. Shia Labeouf sempre muito frenético, Megan Fox sensual quanto baste, os pais de Sam como já referi, tentam a tudo o custo ser engraçados mas sem sucesso. John Turturro também não desilude perante o primeiro, ou seja, continua com uma tremenda pancada mas que lá no fundo penso que acaba por ser bem conseguida. Ramon Rodriguez, uma estreia, tem bons momentos. Os militares são puramente secundários (o quase parece um contra-censo mas não é) e se no primeiro já não apareciam muito agora ainda menos protagonismo têm.
É acção a mais e como se isso não bastasse, muitas das vezes é mal filmada de tal forma que nalguns casos chega a ser gritante a má ligação entre as sequências. Quando é que Bay vai perceber que uma filmagem/montagem rápida não tem que incluir planos que não se consigam perceber? Quando é que Bay vai perceber que a câmara não pode estar tão próxima da acção porque simplesmente não resulta? São muitas explosões muito fogo de artificio, muita corrida, muita confusão, espalhafato e barulho, muita carnificina que fazem com que lá para o meio já deixe de interessar o Optimus Prime, Bumblebee, Megatron, Sam ou outro qualquer personagem e apenas ficamos à espera de ver o que é que Bay vai explodir a seguir! Todavia é precisamente no som que reside o ponto alto do filme. O trabalho de composição sonora para este filme está irrepreensível. O efeitos especiais no geral e toda a componente técnica estão bastante aprimorados, e é devido a isso que leva a classificação que leva, pois de outra forma seria significativamente mais baixa. O realizador recorre-se do slow motion em quantidades industriais e afastar ligeiramente a câmara do ponto de acção era suficiente para mostrar ao espectador o que pretende de uma forma eficaz. Por tudo isto parece óbvio que diga que o filme é demasiado extenso. É demasiado tempo perdido com assuntos e personagens redundantes que só atrasam o filme.
Em suma, não ia à espera de visionar uma obra de arte, é certo, mas ia à espera de ver algo bem melhor (e até maior) do que aquilo que me foi apresentado. Também eu gosto de um filme com largas doses de adrenalina, acção, pancadaria entre robots e tudo mais, mas gosto principalmente quando é bem feito. O primeiro capítulo, com todos os seus defeitos e virtudes, acaba por ser um produto mais equilibrado e coerente que no fim me agradou sobremaneira. Tudo estava mais ou menos nas proporções certas. O principal problema deste segundo capítulo reside, a meu ver, na realização que resulta num tremendo falhanço. Michael Bay é uma criança com corpo de adulto e este filme comprova e esclarece algumas dúvidas que ainda poderia ter. Não sabe para mais ou não quer saber para mais. Tal como Ron Howard, ver um filme de Bay é ver todos os seus filmes. Do ponto de vista técnico é muito competente mas não tem a mínima qualidade para estar à frente deste tipo de filmes. E a partir daqui vai ser sempre a descer isso é certo. Pena, porque Transformers é muito mais que isto e acima de tudo muito melhor e consequentemente necessita de ter um realizador que consiga ver mais e mais além das tão já vistas e gastas explosões, perseguições de carros, montras de consumíveis do exército americano, piadas fáceis ou até melodramas chungas. Estou cansado deste tipo de cinema.
O MELHOR: A componente sonora e visual.
O PIOR: A realização de Bay que já chateia.
Esta semana vou deixar, ainda que muito ligeiramente, o cinema um pouco de lado, principalmente devido à onda de choque com que fui invadido ontem enquanto via televisão e a emissão foi interrompida para dar a notícia da morte do cantor Michael Jackson. Não é que considerasse o senhor imortal até porque a aparência poderia indicar tudo menos imortalidade e também não é que seja um fã incondicional ainda que partilhasse um imenso gosto por algumas das suas obras mas é acima de tudo um choque porque ficámos privados de mais um génio e de um criador fora do comum. Desta feita a sua velocidade de pés e agilidade física não foram suficientes para fintar aquilo que o destino um dia mais tarde partilha e reserva para todos nós.
A sua música não só marcou uma inteira geração como também influenciou diversos músicos. Michael Jackson tinha um estilo inconfundível, praticamente iniciou um estilo de dança totalmente novo, introduzindo os elementos das agora entre nós tão conhecidas técnicas de dança, como o robot e o moonwalk. A sonoridade musical que misturava black music e disco facilmente entra no ouvido. E goste-se ou não, tinha uma voz com um timbre característico e muito próprio. É impossível não se falar deste cantor sem nos virem logo à cabeça uma enormidade de canções e êxitos conforme os gostos de cada um.
Thriller ainda é apenas e só o álbum mais vendido da história, o videoclip da mesma música continua a ser um dos mais espectaculares de sempre e dos mais caros da altura. São imensos os exemplos que poderiam ser referidos tais como; Billie Jean, Bad, The Way You Make Me Feel, I Just Can´t Stop Loving You, Man In The Mirror, Don´t Stop Til You Get Enough, Beat It, Black or White, They Don´t Care About Us, Scream, Invencible entre muitos outros. Os números ligados à grande maioria destes singles são simplesmente arrebatadores e evidenciam o poderio musical que Jackson representava e indiscutivelmente representa.
Porém a carreira de Michael Jackson não foram só sucessos. Vários escândalos, alguns difíceis de contornar, acabaram por encobrir o anterior sucesso do cantor e que largamente foram ampliados pela imprensa no geral. As suas “macacoas” faziam de Jackson um alvo tentador e foram várias as vezes em que esteve debaixo das luzes dos holofotes mas não pelas melhores razões. À parte de acusações de pedofilia, de bebés pendurados na varanda e de outras situações menos felizes, Jackson possuía também um coração solidário.
Desde concertos de caridade para crianças e jovens, a gravações de canções para angariar fundos para as vítimas do 11 de Setembro, à criação de associações de ajuda humanitária com músicas como Heal The World, a músicas de cariz ambiental e uma das minhas preferidas de toda a sua discografia com um videoclip muito representativo, Earth Song, Jackson partilhava assim com o mundo a sua posição e as suas preocupações.
É isso que fica na sua despedida. A música, o estilo inconfundível, os sons, a sua originalidade e genialidade e a sua passagem por Portugal bem como as suas palavras, “I Love You” no início e “Peace” na despedida. Fica para os fãs aqui a minha palavra de reconhecimento por um talento inato, uma palavra de apreço à impressão inextinguível que trouxe e deu ao mundo da música e cultura deixando-as para sempre marcadas. Michael Jackson era e é “O Rei do Pop” para o qual um adeus é pouco… prefiro sempre deixar um simples até já a uma estrela que dificilmente irá deixar de brilhar…
Até para a semana!
Já todos nós vimos pelo menos um filme de terror. Ver um filme de terror é mais ou menos como andar numa montanha russa com vários loopings, curvas apertadas, subidas e descidas íngremes, de preferência, que sejam mesmo a pique. O espírito humano gosta da sensação e da descarga de adrenalina quando o corpo passa por alguma situação que assim o exija. Por isso ver um filme de terror é uma maneira “segura” de apanharmos uns valentes cagaços que normalmente terminam num sorriso parvo resultante do nervoso miudinho e que em casos mais raros culminam com uma manifestação física sonora, mais conhecida por grito.
Assim se quisermos realmente vibrar com um filme do género Terror, ou outros possíveis subgéneros aproximados, o melhor mesmo é não irmos ao cinema com um grupo considerável de amigos, pois o mais certo é aquilo transformar-se numa pura comédia com as bocas, os possíveis erros crassos que se possam eventualmente encontrar e as “sugestões” do pessoal. Outro dos aspectos importantes é que ninguém se deve esquecer de retirar os tampões dos ouvidos antes de entrar para o cinema. Porque hoje em dia o que verdadeiramente assusta neste tipo de filmes são as variações bruscas do som/ música que muitas das vezes nem ao luxo se dão de estar de alguma forma sincronizadas com a imagem. Ou seja, se não ouvirmos estamos safos porque não haverá cagaços para ninguém.
Por outro lado cada vez mais o cinema de terror opta por chocar o espectador a partir do que este visiona na tela. Tendem a ser mais explícitos (mais sangue, órgãos e partes da anatomia humana a saltar por todos os lados) e tendem a ser mais perfeccionistas na técnica de filmagens, recorrendo essencialmente a planos sempre muito aproximados do actor/ actriz para realçar o pânico, drama, literalmente o terror da personagem, para que esta consiga atingir de forma emocional o espectador. Pessoalmente confesso que quando era mais novo via de tudo, era um autêntico Schwarzenegger dos filmes de terror, nada me impressionava ou marcava, e agora o disco já não toca da mesma forma. Aqui entre nós até já pesadelos tive com algumas personagens do universo de terror. A idade não perdoa mesmo meus amigos.
Todavia continuo a ser um adepto dos filmes de terror, ou dito de outra forma sou um ser bravo e altamente corajoso que enfrenta os seus medos. A fórmula deste género de filmes mudou consideravelmente com o passar dos tempos. Existe mais primor, mais rigor nas técnicas utilizadas, consegue-se um realismo praticamente perfeito (nalguns casos chega a ser assustador), mas por outro lado os filmes de terror tornaram-se em puros consumidores de carne humana profissionais. Digo isto porque antigamente havia normalmente um sobrevivente que ficava para contar a história ou mais que não fosse para dar azo a uma possível sequela. Na actualidade e na grande maioria dos filmes de terror a malta ou morre toda ou deixa implícito que ninguém teve a capacidade, inteligência ou infra-estruturas para conseguir dar um enxerto de porrada a um qualquer Jason Voorhees, Michael Myers, Freddy Krueger ou até um pequeno ou grande zombie que ande para aí perdido.
Alguns dirão que estas chacinas são algo desmotivantes e isentas de mensagens e realmente há dias em que me apetece ver um filme que tenha um final cor-de-rosa. Mas às vezes também só me apetece ver um filme tecnicamente bem executado e que consiga basicamente, assustar e pôr-me o coração a saltar pela boca. E exemplares que consigam atingir este efeito em mim, devo confessar, são pouquinhos. E algo me diz que não devo ser o único com este sentimento. Quanto aos possíveis finais cor-de-rosa pessoalmente prefiro ver um filme que me consiga causar sensações e emoções do que propriamente terem de se apresentar com a obrigação de possuírem um final dito feliz. Neste caso e apenas nalgumas vezes dou primazia à técnica e à interpretação. Mas também reconheço porque é a mais pura verdade, faltam bons argumentos para filmes de terror. É excessivamente comum ficarem demasiados assuntos pendentes e da mesma forma muitas situações por explicar.
Apesar de tudo isto cá vou continuar a assustar-me ou a divertir-me (dependendo do filme). É um género muito interessante, com uma fórmula bem definida e que actualmente tem produzido bons resultados, como é o caso do REC, no qual já uma sequela se aproxima. REC foi de facto um dos filmes que mais mexeu comigo mas muito se deve à fantástica interpretação de todos os seus actores e respectivas personagens. Parte aliás que é normalmente pouco trabalhada e na qual pouco se investe em actores mais habituados nas artes interpretativas em prol de miúdas giras com peitos ainda mais giros. Uma coisa é certa, já sei que quando estiver a tomar banho ou a sair dele, só com a toalhinha a cobrir-me e ouvir um barulho… a última coisa que vou perguntar é “quem é que está aí” e a última coisa que vou fazer é ir investigar. Arre pernas para que te quero, porque vou é meter-me a correr sem por um segundo pensar em olhar para trás. Ou então posso sempre nessa altura gritar… “CORTA”!!!
Até para a semana!
Depois de um teaser prometedor, chega-nos finalmente o trailer oficial de "2012", o novo filme de Roland Emmerich, e deixem-me dizer-vos, para mim este video redefiniu o conceito que eu tinha da palavra apocalipse. A história poderá não trazer nada de novo, mas em termos visuais... Uau! Este não vou perder definitivamente. Vejam o trailer aqui.
Com o recente “Star Crossed” e independentemente de algumas considerações e opiniões que já tive de oportunidade de ler, pois eu ainda não vi o filme, emergiu no meu pensamento uma conversa que já tive há algum tempo com o Filipe, sobre os variados tipos de desportos retratados no cinema. Lembrou-me particularmente de uma frase em que dizia, “é impressão minha ou o futebol nunca teve um filme à altura do desporto em si?”
Realmente são imensos os filmes que se dedicam por inteiro à transposição de um determinado desporto para a tela. Há por outro lado, desportos que até quase que já cansa ver no grande ecrã, como são os casos do futebol americano e basebol. Ainda que de uma forma bastante safada me continuem a escapar alguns pormenores sobre as regras de ambos os desportos. Safadezas à parte a verdade é que quase todos os desportos têm pelo menos um filme que se pode considerar bastante bom, ou acima de média. “Duelo de Titãs” e “Um Domingo Qualquer” ficaram sempre no meu pensamento na categoria de futebol americano, “Bobby Jones” ou “A Lenda de Bagger Vance”, no que diz respeito ao golfe, “Wimbledon” relativamente ao ténis, “The Rookie” ou “Campos de Sonhos” para o basebol e entre muitos outros desportos lá pelo meio. Relativamente ao tema em discussão não posso deixar de referir o “Victory” e o mais recente “Golo”, ambos alusivos ao nosso tão conhecido (e fundamental, às vezes parece que o povo Português não conseguiria viver sem ele…) futebol.
Concretamente no futebol, assim de repente são esses dois que me vêm à cabeça, apesar de saber da existência de outros como “Grace” e alguns provenientes de outros continentes e culturas que confesso, não consigo recordar agora os títulos. Portanto a questão colocada pelo nosso amigo Filipe parece ganhar cada vez mais densidade e pertinência. Pessoalmente e remetendo-me ao mais recente “Golo”, acho que se trata de um filme interessante, provavelmente um dos que mais usufruiu de imensos recursos, mas que no fundo e no que objectivamente diz respeito ao desporto, não consegue captar a essência do jogo no relvado. Aliás foi algo que nunca tentei mas pelo que tem sido feito, parece haver uma tremenda dificuldade em filmar futebol como deve de ser, igualando por sua vez, o que se faz com outros desportos que são retratados de forma fiel e mais realista.
Aqui entra “Victory” que penso que em Português foi traduzido para “Fuga para a Vitória”. Continua a ser, pelo menos para mim, o supra sumo dos representantes do futebol na sétima arte. Não só pela história, não só pelo Pelé mas acima de tudo pela capacidade de nos mostrar o futebol em si, muito próximo do que nós conhecemos dele. Uma filmagem interessante recheada de pormenores cativantes que no fundo se fundem com o desporto em si e com a equipa que o pratica. Quando vejo um filme sobre futebol, fico sempre com aquela sensação estranha, que é um desporto que se joga apenas com um elemento, que finta tudo e todos, que marca recorrentemente golos de pontapés de bicicleta que faz grandes fintas sem que ninguém lhe dê uma valente de uma sarrafada que lhe tire o raio da bola. Algo que não senti enquanto visionava “Victory”. Sim, após algumas considerações a verdade é que se me perguntassem qual seria o melhor filme que vi sobre futebol – e apesar de reconhecer algumas mais-valias a alguns exemplares mais recentes… escolheria com toda a certeza “Victory”. À grande Stallone na baliza!
Em suma, dificuldades técnicas ou outras à parte é um facto que filmar futebol é um processo complexo. Não existem assim tantos exemplares que abordem essa temática e os que existem, enfim deixam-nos com água na boca. O que no fundo acaba por dar total razão ao nosso amigo Filipe. Por fim e se formos a ver bem as coisas… nem todos são Pelés ou Cristianos Ronaldos! O que no caso deste último é bom (aliás muito bom) pois de outra forma ninguém saberia onde iríamos estar daqui a três anos, já viram a chatice… mas por outro lado ganharíamos 24 mil euros por dia… ai escolhas escolhas, são sempre tão difíceis…
Até para a semana!
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Classificação: (6.5/10) |
Não deixava de ser um filme que esperava com alguma expectativa. Apesar de não se fazer acompanhar de nenhum dos “participantes” dos filmes anteriores a história prometia, embora também sentisse em mim muitas reservas.
No fim o filme não é mais nem menos do que esperava. Chuva tremenda (diria mesmo tempestade) de efeitos especiais, eficazes quanto baste, sequências bem filmadas, principalmente as de acção, fugas, perseguições, tiroteios e explosões umas atrás das outras, protagonistas minimamente interessantes e uma história, que tal como eu deixei a sua referência para o fim, a meu ver é no filme muito mal aproveitada.
A primeira parte do filme é a referida catarse de efeitos especiais, na qual o argumento custa e demora a arrancar. Para se ter uma ideia desta problemática, só para lá do meio do filme é que se fica a saber um facto prontamente (e desnecessariamente) revelado no trailer. Anda-se a engonhar, quando meses antes o trailer já desvendou aquilo que o filme tenta esconder (ou surpreender) o espectador. À parte disso a história avançou no tempo, relativamente aos seus antecessores pois passa-se num futuro devastado por uma explosão nuclear, controlado pelas máquinas, cada vez mais assassinas e tecnologicamente evoluídas. John Connor continua a sua luta incessante contra tamanho poderio tecnológico como líder da Resistência e desta feita as máquinas reservam-lhe uma tremenda lição de modéstia e integridade, um tema já ligeiramente abordado no segundo filme da série.
Porém não deixa de faltar um enorme aprofundar de temáticas, que seriam muito interessantes de ver – principalmente no que respeita às ligações entre humanos e máquinas – mas que facilmente são descartadas em prol de grandes e complexas sequências de acção, tão ao jeito de Hollywood com os seus típicos blockbusters e respectivo acompanhamento do balde de pipocas a ser consumido vorazmente. Exterminador Implacável merecia definitivamente bem mais!
Todavia não posso deixar de referir o notável esforço por parte da realização e argumentistas, de fazer um filme com imensas referências aos antecessores e algumas surpresas lá pelo meio que vão deixar os mais conhecedores das obras prévias, com um sorriso de orelha a orelha. Christian Bale no papel de John Connor é competente ainda que na minha opinião as estrelas cintilantes deste “Exterminador Implacável: A Salvação” fiquem com Sam Worthington como Marcus Wright e Anton Yelchin como Kyle Reese que foram para mim os verdadeiros pontos altos deste último filme da saga. Pequena referência à música de Danny Elfman que apesar de precisar de a ouvir novamente, numa primeira abordagem não me pareceu a mais acutilante para o género de filme que sonorizava. Apesar disso o tema de Terminator ainda lá aparece algumas vezes.
No fim é apenas mais um. Tecnicamente competente mas com evidente falta de uma estrutura narrativa mais densa e cativante. E se é verdade que um Exterminador 5 já se advinha fico a pensar se haverá mesmo necessidade de continuar… ou deixar a saga de “Terminator” por aqui e ecoar nos nossos pensamentos os dois primeiros de James Cameron. Para mim já era mais que altura de ficar por aqui.
O MELHOR: As piscadelas de olhos e a competência técnica na grande maioria das cenas.
O PIOR: A não exploração de um argumento que tinha tudo para ser explorado. Pena.
Foi divulgado o trailer do mais recente filme de Joseph Gordon-Levitt "500 Days of Summer", que poderá ser a próxima pequena grande pérola que todos os anos se costuma evidenciar no Festival Sundance. Vejam o video aqui.
Outra coisa que me chamou a atenção no trailer foi a incrivel semelhança do Gordon-Levitt com o Heath Ledger (confirmem melhor nesta foto). Ele irá participar no próximo filme do Christopher Nolan e de repente passou-me esta idea pela cabeça: poderá essa participação ser um pequeno teste para uma possível cameo do Joker no próximo Batman?
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Classificação: (10/10) |
Há já algum tempo que não dedico este espaço ao panorama televisivo. Curiosamente vou fazê-lo com uma série que já não é propriamente recente. Estreou por cá no Verão de 2002. E confesso foi uma série que nunca consegui (ou quis) acompanhar… até agora. E nestes últimos tempos disponibilizei algumas horas para finalmente ver as suas cinco temporadas. Mais uma vez uma agradável surpresa, no mínimo. Uma típica família Americana – disfuncional portanto – tem como negócio uma agência funerária. Este é o princípio para todo o desenrolar dos episódios, que têm em comum, começarem sempre com a morte de alguém. É essa morte (muitas das vezes bastante cómica e provocatória diga-se) que faz avançar toda a narrativa. De facto é simplesmente delicioso visionar esta temática (normalmente uma austera para nós) que é a morte, com toques absolutamente geniais de humor, bom senso e uma sensibilidade fora do comum. Refiro a morte mas de facto esse é apenas um dos muitos temas que esta série aborda, sendo que muitos deles ainda são bastante “tabu” para a nossa sociedade. É assim uma série dramática, com toques de humor negro que acaba por ser não só divertida – é certo – mas também muito emotiva e comovente.
Grande parte desta genialidade vem da mente criativa de um dos principais argumentistas, Alan Ball (“American Beauty” e “True Blood”) que nos providencia histórias humanas, realistas e emocionantes com temas actualizadíssimos, pertinentes e cativantes. A outra parte responsável por este sucesso, são os actores que personificam as personagens desta história, com as quais facilmente nos revemos e identificamos, que se apresentam extremamente bem definidas e trabalhadas, com as quais conseguem uma aproximação emocional do espectador. Com o elenco encabeçado por Michael C. Hall (o nosso serial-killer preferido do momento em “Dexter”), num papel arrojado (para não dizer mais), Peter Krause de “Dirty Sexy Money”, Rachel Griffiths de “Brothers & Sisters”, Richard Jenkins, James Cromwell e Kathy Bates, facilmente se percebe a mais-valia que é reunir este conjunto de talentos.
Tecnicamente também há muito pouco a referir, pois tudo anda muito próximo da perfeição. Há tempo (e espaço) para tudo acontecer, os planos e os movimentos de câmara estão, na minha opinião, perfeitos e contextualizados ao tipo de série (história) que nos é dada a ver. Agradou-me acima de tudo, nos momentos mais dramáticos, a serenidade e segurança que toda a composição do plano evidencia e onde é perceptível uma harmonia fora do comum. Dá mesmo vontade de dizer que praticamente nada falha.
Em suma, uma pequena pérola dentro do tremendo boom de séries que têm vindo a aparecer nestes últimos dois anos. Pérola em vários sentidos. Porque não é fácil lidar com o tema que têm em mãos e no entanto fazem-no com uma mestria surpreendente. Porque não é fácil manter um nível elevado no decorrer de cinco anos de produção e esse nível é, devo dizer, bastante equilibrado. E acima de tudo porque hoje em dia, tem sido evidente a dificuldade que existe em concluir séries, prolongando-as, por vezes demais do que deveriam, ou ainda mais frequente, dando-lhe finais “demasiado” abertos e inconclusivos. No entanto “Sete Palmos de Terra” apresenta-nos um final – uma sequência de dez minutos no último episódio – simplesmente perfeita e inesquecível. Por tudo isto “Six Feet Under” é simplesmente um “must” no que respeita a séries.
O MELHOR: No geral tudo, no particular a fabulosa sequência final do último episódio.
O PIOR: Nada.
Ao ver os últimos episódios de “Prison Break” tive aquela sensação de já ter visto tudo. E mais ou menos a meio comecei a fazer o exercício do “será que consigo adivinhar o que vem a seguir?!” A chuva de clichés, twists (tão fraquinhos) foram tantos que na grande maioria consegui adivinhar, tirando o impacto que a série me poderia ter causado em troca de algumas valentes gargalhadas (nas quais muitas delas já evidenciavam a minha impaciência perante tanto incapacidade demonstrada na escrita do argumento). Fez-me portanto recordar algumas pérolas do cinema relativamente a estes clichés e afins. Apesar de assim de repente ter algumas dessas pérolas presentes na minha memória, fiquei curioso e fiz aquilo que sempre faço quando escrevo alguma coisa. Fui investigar. É impressionante a quantidade de sites com informações deste tipo e as quais não vou conseguir referir nem metade é certo, porque acreditem são imensas, mas que vos peço para se sentirem à vontade para partilharem comigo as que quiserem e acharem pertinentes.
- Quantos de nós já desesperamos por um lugar para estacionar o carro perto do local que visitávamos e que não fosse necessário pagar? – Pois bem, em Hollywood, facilmente se arranja estacionamento no qual não é preciso pagar e mais importante ainda, o carro entra sempre (reforço o sempre) de frente e nem são precisas manobras… querem melhor?!
- Na vida real costuma dizer-se que as notícias más correm rápido. Nos filmes não. Já repararam naqueles intermináveis diálogos enquanto o vilão aponta a arma ao herói, e engonha e engonha, até que lá aparece alguém para o salvar? Situação caricaturada no filme “O Último Grande Herói”.
- E por falar em armas?! Porque é que os vilões têm uma apontaria tão fraquinha? Coitados deve ser frustrante, disponibilizam balas à vontade do freguês e só as pobres das paredes, dos vasos, enfim tudo o que rodeia o verdadeiro alvo é que são atingidas?! E o contrário? O herói disparar e por vezes, são dois alvejados só com um tirinho… é que nem os típicos atiradores furtivos conseguem apresentar estas percentagens de êxito!
- Nos filmes de terror também é muito engraçado (ou não) aquele planozinho no final a dar azo à possível sequela… que só dá mesmo vontade de dizer cresçam e desenvolvam ideias para conseguirem continuar os filmes sem recorrerem a esses planos insípidos.
- Ainda nos filmes de terror, os barulhos suspeitos apanham sempre as protagonistas desprevenidas e meias despidas (mas raramente ouço alguém queixar-se… pelo menos no que diz respeito à secção masculina).
- Nos filmes em que entrem aviões, nos planos exteriores são sempre exibidos grandes exemplares, tipo o 747, mas quando passa para o interior dos mesmos, nalguns casos é evidente de que se tratam de aviões bem mais pequenos.
- Na grande maioria dos policiais, o polícia em causa só consegue decifrar o caso depois de ter sido suspenso e ter passado obrigatoriamente por uma casa de strip, ou danças exóticas. A verdade é que mais uma vez - a vertente masculina – nunca se queixa.
- Polícias honestos e trabalhadores morrem sempre ao serviço e poucos dias antes da reforma. Solução, nunca pedir a reforma, trabalhar até não poder mais – basicamente é isso que o nosso governo pede por isso até nem anda assim tão longe da realidade (pelo menos de algumas realidades).
- Quando alguém no cinema tosse, normalmente é sinal de doença grave. Livre-se de algum dos leitores tossir que o melhor mesmo é ir ao médico.
- A condução também é algo de estranho lá para os lados de Hollywood. Ora se conduz a olhar para o passageiro, ora se conduz sempre a virar o volante de um lado para o outro… a direcção desses carros está literalmente toda desfeita. E a quantidade de acidentes que evitam olhando para o passageiro?! É uma excelente técnica, eu próprio já a experimentei e resulta… ainda que não a aconselhe.
- Batom, rímel e outro tipo de maquilhagem raramente saem durante uma noite fogosa de amor ou mais espectacular ainda… raramente sujam os lençóis e o respectivo ninho do amor. A mesma coisa se passa com o penteado das damas. Depois de tanto amasso acordam lindas e esplendorosas. Conheço muitas pessoas que desejavam ter este dom. Curioso também é que para aquelas bandas depois de uma intensa troca de “carinhos” não há limpeza para ninguém (para quê não é?!) e mais curioso ainda é que acordam juntinhos e abraçadinhos como se alguém conseguisse dormir uma noite inteira com o braço por cima dela ou dele, sem pelo menos sentir um certa dormência.
- A dentadura perfeita, brilhante e reluzente nos filmes de época (independentemente da época). Também nessa altura não havia o cigarrinho, isso parecendo que não já ajuda.
- E por muito que se coma, beba… raramente se precisa de ao WC. Há bexigas com uma tremenda de uma capacidade.
Mas a lista poderia facilmente continuar e decerto que continuará. Na verdade podem sair listas verdadeiramente extensas, pois são imensas as situações tratadas de forma muito semelhante neste nosso meio cinematográfico. Claro que alguns exemplos são pura economia de tempo e planos, outras são provenientes de estruturas narrativas já muito delineadas (e até algo gastas) mas mesmo assim às vezes um bocadinho de mais realidade também não lhes ficava mal. E nós também não nos íamos queixar… digo eu! E utilizando não um cliché mas uma expressão típica, despeço-me de todos com o meu habitual…
Até para a semana!
Depois da grande interpretação de Sam Worthington em "Terminator Salvation" (sim, já vi o filme e apesar de algumas falhas escandalosas, na generalidade está aprovado), chega-nos a primeira foto dele como Perseus no aguardado "Clash of the Titans". E à primeira vista, parece-me muito mais bad ass que o Russel Crowe no "Gladiador". Estreia do filme? Só para 2010.
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